Autismo: os afetos e a ficção, escritores falam sobre como as famílias são retratadas na literatura

Autismo: os afetos e a ficção, escritores falam sobre como as famílias são retratadas na literatura 15/08/2022

Dois escritores — o português Valério Romão, autor de Autismo, que ficcionaliza a sua experiência de pai de um menino com o transtorno, e o gaúcho Paulo Scott, que criou uma personagem autista em Ithaca Road — conversam sobre como as famílias são retratadas na literatura e sobre como a vivência familiar, a partir do Transtorno do Espectro Autista, influencia – ou não – na literatura e no trabalho de cada um deles.

O poeta Paulo Scott fala em “verdade ficcional”, mas refuta o rótulo de autoficção. O português Valério Romão traz a reflexão de que a literatura não traz boas ou más intenções, porque tem a liberdade de ser o que quiser. Ambos escreveram romances que trazem a vivência de relações perpassadas por pessoas com autismo.

O Transtorno do Espectro do Autismo é identificado por meio do diagnóstico clínico, o que dificulta a detecção e, consequentemente, as intervenções necessárias para auxiliar o desenvolvimento. No Brasil, são aproximadamente 2 milhões de diagnósticos; e o transtorno atinge entre 1 e 2% da população mundial.

Experiência pessoal

Valério Romão é autor da obra-prima Autismo, publicado pela Tinta-da-China Brasil, em 2012, e que faz parte de uma série de três livros, Paternidades falhadas, sobre os desdobramentos que a condição de uma criança autista produz na vida social e no entorno. O escritor é pai de um jovem autista. O livro traz a realidade como ela é, sem atenuantes. Muitas vezes, o personagem vivencia momentos de revolta, que expõem sentimentos duros. A obra foi resenhada por Paulo Scott e publicada no site da Quatro Cinco Um.

Paulo Scott é autor do romance Ithaca Road, da Companhia das Letras, uma história de amor e companheirismo, na qual a protagonista constrói uma relação com uma garota com transtorno do espectro autista. Ele também escreveu o celebrado Marrom e amarelo, que saiu pela Companhia das Letras em 2019, e, em Portugal, circulou com cópias baratas antes de ser publicado pela Tinta-da-China. A jornalista Yasmin Santos resenhou o livro na edição 28 da revista dos livros. O romance foi indicado ao International Booker Prize depois de ser publicado no exterior pela editora britânica And Other Stories.

Entre suas outras obras de ficção, Habitante irreal rendeu-lhe um prêmio Machado de Assis, e outros dois romances que resultaram numa premiação no Açorianos. O escritor gaúcho faz uma pesquisa em torno da Literatura e do Direito e escreveu um ensaio sobre o tema para a edição 53 da Quatro Cinco Um.

Em A descoberta do autismo, Luiz Fernando Vianna escreveu sobre três livros em que jornalistas revelam como o transtorno custou a ser diagnosticado e sobre a luta dos pais cansados de verem seus filhos marginalizados.

Na literatura infantojuvenil, destacamos o livro Menino baleia, escrito por Lulu Lima e com ilustrações de Natália Gregorini, lançado pela Mil Caramiolas, em 2021. A nossa editora Paula Carvalho entrevistou Lima e Gregorini sobre esse trabalho, que mostra como um menino autista lida com a família, os amigos da escola e o seu silêncio interior.

Para ouvir o podcast, acesse o link.

Fonte: Quatro Cinco Um - a revista dos livros

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Autismo: os afetos e a ficção, escritores falam sobre como as famílias são retratadas na literatura 15/08/2022

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