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Qatar 2022 aposta na acessibilidade dos estádios para pessoas com deficiência 16/11/2022

Os organizadores do Mundial de Futebol no Qatar implementaram várias medidas para tornar o evento acessível para pessoas com deficiência.

Para o Qatar 2022, a acessibilidade implicou uma reflexão global. “Penso que está tudo a postos para que esta seja a edição mais acessível do Campeonato Mundial de Futebol da FIFA. O trabalho começou há muito tempo, incluiu membros da comunidade de deficientes, através da implementação dos mais elevados padrões de qualidade nos locais de torneio. Queremos que o torneio desempenhe um papel transformador para assegurar que todo o país se torne mais acessível", afirmou Ahmed Habib, especialista do comité governamental responsável pela supervisão do evento.

E acrescentou: "Temos oito estádios novos em folha. Damos a oportunidade aos utilizadores de cadeiras de rodas, como eu, de se poderem sentar em várias áreas do estádio e ter vários pontos de vista".


Uma sala sensorial para crianças e jovens autistas

O evento propõe também uma sala sensorial, para crianças com autismo ou outras deficiências cognitivas, um espaço calmo e seguro que ajuda a reduzir o nível ansiedade.

"A maioria das pessoas  neurodivergentes pode sentir-se incomadada pelo ruído e pela iluminação, há ambientes que podem ser muito desconfortáveis para essas pessoas. A sala sensorial pode desempenhar um papel a esse nível. Os ambientes que criámos destinam-se a acalmar e relaxar as pessoas", disse à euronews Sana Abu Majeed, terapeuta da Academia Renad, da Fundação Qatar.


A acessibilidade é mais do que prever rampas

Sabika Shaban fundou uma organização para reunir todas as partes interessadas na problemática da acessibilidade no Qatar. "O movimento a favor da acessibilidade é um desafio. Estamos a falar de necessidades muito diversas. E preciso dar a entender que a acessibilidade é mais do que instalar uma rampa e fornecer sinais em braille. É uma questão mais complexa do que se pensa. A FIFA tem feito um trabalho impressionante ao destacar e dar visibilidade a certas vozes. Por exemplo, integrar essas vozes em cada etapa do processo, ao nível da arquitetura dos estádios, da conceção da experiência dos adeptos, o que criou uma espécie de precedente", sublinhou a especialista.

Ghanimeh El-Taweel  participou na auditoria final do Education City Stadium e fez várias recomendações em matéria de acessibilidade. “Avaliámos o metro e o elétrico. O elétrico integra um dispositivo para cadeira de rodas. Era suposto a pessoa ter de solicitá-lo antes de andar de elétrico. Nós dissemos que não deveria ser preciso pedi-lo, devia estar sempre disponível. Dissemos que não havia necessidade de colocá-lo num sítio fechado e isso também vai mudar", disse Ghanimeh El-Taweel, instrutora da Universidade Hamad Bin Khalifa.

A responsável considera que que as pessoas com deficiência devem fazer parte do processo de organização dos eventos desde o início.

"Não estamos aqui apenas para que eles coloquem ok numa ficha e digam: 'já está, falámos com as pessoas da comunidade de deficientes'. O nosso contributo é valioso. Conhecemos as nossas necessidades mais do que qualquer outra pessoa. E olhamos para a situação geral e para a experiência pessoal", explicou a responsável.

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